“Não é depressão, é perimenopausa”: sintomas confundem diagnóstico em mulheres a partir dos 40
- Portal Entre Elas

- 13 de set.
- 3 min de leitura
Fadiga, insônia, lapsos de memória e irritabilidade são confundidos com burnout ou depressão, mas muitas vezes têm origem hormonal. Entenda o que é a transição menopausal e quando procurar ajuda.

Nos últimos anos, a palavra burnout virou explicação recorrente para o cansaço extremo, a irritabilidade e a perda de produtividade entre mulheres a partir dos 40. O que pouca gente percebe é que, por trás desse esgotamento, pode haver flutuações hormonais intensas que marcam o início da perimenopausa e não necessariamente um colapso emocional.
“Muitas mulheres ainda pensam que a menopausa só começa quando a menstruação para completamente, mas isso não é bem assim. Antes desta fase existe a perimenopausa, que pode começar em torno dos 40 anos”, explica a ginecologista integrativa Dra. Amanda Vanzelli.
A chamada perimenopausa é marcada por oscilações hormonais que afetam o corpo e o humor, mas raramente são reconhecidas. “Como muitos desses sinais se expressam no campo emocional — irritabilidade, ansiedade, desânimo — eles acabam sendo confundidos com estresse ou até depressão. Mas a base é hormonal, e por isso o diagnóstico correto é fundamental.”
O diagnóstico, segundo a médica, é essencialmente clínico. “Não existe um único exame laboratorial que defina com precisão o início da transição menopausal. O mais importante é a observação longitudinal da paciente, associando sintomas e histórico menstrual.”
A consequência da confusão com quadros psiquiátricos é um tratamento desalinhado com a real causa. “O problema é que, sem reconhecer a base hormonal, essas mulheres acabam recebendo antidepressivos sem melhora significativa.”
A médica chama atenção para os impactos que vão além do emocional. “Corremos o risco de medicalizar sintomas sem resolver a causa. A falta de reposição hormonal adequada pode deixar de prevenir complicações a médio e longo prazo, como perda óssea, piora do perfil cardiovascular e comprometimento da saúde sexual e cognitiva.”
Além do acompanhamento médico, mudanças no estilo de vida fazem diferença real no alívio dos sintomas. “Atividade física regular, alimentação equilibrada, higiene do sono e manejo do estresse potencializam a resposta clínica e trazem benefícios preventivos em longo prazo”, destaca a Dra. Amanda Vanzelli. Evitar o excesso de cafeína, álcool e alimentos ultraprocessados também ajuda a reduzir a intensidade dos fogachos e da irritabilidade.
No ambiente de trabalho, as consequências também são visíveis, mas pouco discutidas. Fadiga crônica, dificuldade de concentração e crises de ansiedade afetam a produtividade e a confiança feminina. Uma pesquisa britânica da Fawcett Society revelou que 1 em cada 10 mulheres deixa o emprego devido aos sintomas da menopausa, um dado que escancara o despreparo das empresas para acolher essa fase com o devido cuidado.
Em casa, os reflexos também são sentidos. “A queda da libido, os distúrbios de sono e as alterações de humor típicas da transição menopausal têm repercussões diretas na vida conjugal e familiar.”
Mesmo assim, muitas seguem em silêncio. “O estigma em torno da menopausa ainda faz com que muitas mulheres minimizem ou ocultem seus sintomas. Isso está enraizado em fatores culturais”, afirma a médica.
O recado da especialista é claro: não espere a última menstruação para agir. “A busca por avaliação médica deve acontecer já nos primeiros sinais de irregularidade menstrual acompanhados de sintomas vasomotores, distúrbios do sono, alterações cognitivas, disfunção sexual ou mudanças emocionais significativas.”
E o final pode ser mais leve do que parece. “Sim, é absolutamente possível viver a transição menopausal de forma equilibrada e com qualidade de vida. O grande desafio ainda é o tabu.”
Dra. Amanda Vanzelli - Ginecologista obstetra e Mastologista
Pós-graduada em Nutrologia
Título de Ginecologia/Obstetrícia pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO)
Título em Mastologia pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM)
Pós-graduada em Nutrologia.
Formada em medicina pela FMJ (Faculdade de medicina de Jundiaí) em 2007, realizou residência médica em Ginecologia /Obstetrícia e posteriormente em Mastologia pelo Hospital do Servidor Público Estadual.
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