Por Maira Trentin

Profissão: cientista. Talvez você esteja imaginando que estou digitando este texto vestida com um jaleco branco, óculos de proteção, tubos de ensaio em volta do meu computador e com o cabelo um tanto bagunçado. Ah, e provavelmente imaginou que sou um homem. Mas não sou. Sou uma mulher, e estou aqui ENTRE ELAS para contar um pouco das aventuras do mundo da ciência.
De todo o quadro que se imagina quando alguém diz que é cientista, provavelmente eu não tenho quase nada. Estou neste instante em horário de trabalho - que é praticamente sempre - de shorts e camiseta, em casa e sem sapatos. Por isso, prefiro dizer que sou pesquisadora. Pesquiso o mundo. Olho com atenção o mundo que me cerca, reflito, busco conexões, analiso dados, verifico evidências produzidas ou coletadas da realidade, investigo hipóteses, tento encontrar ideias escondidas entres as pessoas, entre as coisas, entre as palavras… E não estou sozinha nessa, existem muitos de nós!
Nunca imaginei fazer parte desse mundo, ter essa profissão. Acho que ninguém me falou que eu poderia. Aliás, já tentaram me dizer que eu não poderia. Em meu primeiro ano da graduação recebi uma simples observação em minha primeira prova, de Filosofia da Educação:
- Você não sabe ler.
Aquela Maira de 17 anos, recém ingressa em uma Universidade pública, levou uma rasteira e demorou dias para se recuperar. O absurdo registrado pela professora me impactou como um trem bala me chocando de frente. Hoje sei que ela foi rude, mas não estava de todo errada. Calejada por esse tipo de experiência nesses últimos 7 anos, estou ainda aprendendo a ler, e reconheço que o conhecimento é um oceano que uma vez que seus pés tocam a ponta d’água, descobre-se que há muito a explorar. O convite para essa coluna é que exploremos juntas. Partilharei aqui algumas dessas pérolas que encontrei no fundo do mar, e com um pouco de riso e um pouco de choro, a gente transforma em boa história para contar. Às vezes o oceano acolhe um belo nado, em outras as braçadas são em busca apenas da sobrevivência, mas com um pouco de poesia e uma lente bem ajustada, desejo abrir um janela para que você conheça um pouco desse mundo. Quem sabe não se anima em vir para cá também?
Obrigada pela companhia até aqui e espero ter sempre sua companhia na leitura. Agora você já pode dizer que tem uma amiga cientista. Ah, talvez a única coisa que corresponda à primeira imagem que você imaginou de mim, é que meu cabelo está um pouco bagunçado.

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